sexta-feira, 29 de maio de 2009

Agentes químicos

Higiene Ocupacional
Apostila de Antônio Vargas Filho
Data: 30/05/09 Por Ana Karine Andrade
AGENTES QUÍMICOS

São substâncias compostas ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, ou pela natureza da atividade de exposição possam ter contato através da pele ou serem absorvidos pelo organismo por ingestão; Poeiras, Fumos, Névoas, Neblina, Gases, e Vapores.
São os agentes ambientais causadores em potencial de doenças profissionais devido à sua ação química sobre o organismo dos trabalhadores. Podem ser encontrados tanto na forma sólida, como líquida ou gasosa. Além do grande número de materiais e substâncias tradicionalmente utilizadas ou manufaturadas no meio industrial, uma variedade enorme de novos agentes químicos em potencial vai sendo encontrados, devido à quantidade sempre crescente de novos processos e compostos desenvolvidos.
Eles podem ser classificados de diversas formas, segundo suas características tóxicas, estado físico, etc. Conforme foi observado, os agentes químicos são encontrados em forma sólida, líquida e gasosa.
Os agentes químicos, quando se encontram em suspensão ou dispersão no ar atmosférico, são chamados de contaminantes atmosféricos. Estes podem ser classificados em:
-
Aerodispersóides - Gases - Vapores
Aerodispersóides.
São dispersões de partículas sólidas ou líquidas de tamanho bastante reduzido (abaixo de 100m, que podem se manter por longo tempo em suspensão no ar. Exemplos: poeiras (são partículas sólidas, produzidas mecanicamente por ruptura de partículas maiores), fumos (são partículas sólidas produzidas por condensação de vapores metálicos), fumaça (sistemas de partículas combinadas com gases que se originam em combustões incompletas), névoas (partículas líquidas produzidas mecanicamente, como por em processo “spray”) e neblinas (são partículas líquidas produzidas por condensações de vapores).
O tempo que os aerodispersóides podem permanecer no ar depende do seu tamanho, peso específico (quanto maior o peso específico, menor o tempo de permanência) e velocidade de movimentação do ar. Evidentemente, quanto mais tempo o aerodispersóides permanece no ar, maior é a chance de ser inalado e produzir intoxicações no trabalhador.
As partículas mais perigosas são as que se situam abaixo de 10m, visíveis apenas com microscópio. Estas constituem a chamada fração respirável, pois podem ser absorvidas pelo organismo através do sistema respiratório. As partículas maiores, normalmente ficam retidas nas mucosas da parte superior do aparelho respiratório, de onde são expelidas através de tosse, expectoração, ou pela ação dos cílios.
Gases.
São dispersões de moléculas no ar, misturadas completamente com este (o próprio ar é uma mistura de gases). Não possuem formas e volumes próprios e tendem a se expandir indefinidamente. À temperatura ordinária, mesmo sujeitos à pressão fortes, não podem ser total ou parcialmente reduzidos ao estado líquido.
Vapores.
São também dispersões de moléculas no ar, que ao contrário dos gases, podem condensar-se para formar líquidos ou sólidos em condições normais de temperatura e pressão. Uma outra diferença importante é que os vapores em recintos fechados podem alcançar uma concentração máxima no ar, que não é ultrapassada, chamada de saturação. Os gases, por outro lado, podem chegar a deslocar totalmente o ar de um recinto.
De acordo com a definição dada pela Portaria n.º 25, que alterou a redação da NR-09, são as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão.
São os riscos gerados por agentes que modificam a composição química do meio ambiente. Por exemplo, a utilização de tintas á base de chumbo introduz no processo de trabalho um risco do tipo aqui enfocado, já que a simples inalação de tal substância pode vir a ocasionar doenças como o saturnismo.
Tal como os riscos físicos, os riscos químicos podem atingir também pessoas que não estejam em contato direto com a fonte do risco, e em geral provocam lesões mediatas (doenças). No entanto, eles não necessariamente demandam a existência de um meio para a propagação de sua nocividade, já que algumas substâncias são nocivas por contato direto.
Tais agentes podem se apresentar segundo distintos estados: gasoso, líquido, sólido, ou na forma de partículas suspensas no ar, sejam elas sólidas (poeira e fumos) ou líquidas (neblina e névoas). Os agentes suspensos no ar são chamados de aerodispersóides.
As substâncias ou produtos químicos que podem contaminar um ambiente de trabalho classificam-se, em:
· Aerodispersóides;
Gases e vapores.
As principais vias de penetração destas substâncias no organismo humano são:
O aparelho respiratório,
A pele,
O aparelho digestivo.
Riscos e Efeitos Originados por Agentes Químicos nos Processos de Soldagem
Pneumopatias Relacionadas com a Solda
As doenças pulmonares ocupacionais crônicas são conseqüências do acúmulo de fumos de solda nos pulmões. Este acúmulo pode ser visualizado através de exame radiológico como áreas de densidade radiológica maior que as do pulmão normal.
Alguns fumos ocasionam pneumopatias, como a pneumonia devida ao manganês, a bronquite crônica ou pneumonia devida ao vanádio, a pneumonia grave devida ao cádmio, etc.
Os fumos de solda não costumam ocasionar fibrose pulmonar como ocorre na exposição à sílica cristalina, ao berílio, ao asbesto, ao talco e às diatomáceas.
Enfisema pulmonar crônico está ligado a exposições prolongadas ao ozônio, óxidos de nitrogênio, cádmio e, eventualmente, outros agentes.
Óxidos de nitrogênio, dióxido de enxofre tem sido responsabilizados por bronquite crônica.
Febre de Fumos Metálicos
É uma reação febril do organismo à exposição de certos fumos, principalmente de zinco, mas também podendo ocorrer com outros fumos como de magnésio, níquel, cádmio (na fase inicial), polímeros, cobre, etc.
Após o episódio da febre, o trabalhador adquire tolerância aos fumos, mas perde-a rapidamente quando cessa a exposição. Por este motivo, a febre de fumos costuma ocorrer com trabalhadores que não tiveram exposição prévia, ou quando retornam à exposição após alguns dias de afastamento, como por exemplo após as férias.
O diagnóstico de febre dos fumos metálicos é habitualmente confundido com episódios gripais e, por isso, raramente identificado.
CHUMBO
Nas exposições usuais de solda de indústria, a exposição ao chumbo não é muito freqüente, com exceção da indústria eletroeletrônica. Mas é oportuno não esquecer que há chapas de aço revestidas de chumbo. Este metal também participa da constituição de ligas como bronze e, eventualmente, latão.
A intoxicação crônica pelo chumbo é, provavelmente a patologia mais conhecida e estudada.
O chumbo absorvido (principalmente por via respiratória e, secundariamente, por via digestiva) é retido pelos eritrócitos, de onde é transferido fixado pelo tecido ósseo devido à grande afinidade do chumbo com o mesmo.
O chumbo causa vasoconstrição periférica e alterações no sangue e na medula óssea com graves perturbações na hematopoese, devido à ação do chumbo sobre o sistema enzimático formador da hemoglobina. O chumbo também interfere na velocidade da condução do influxo nervoso.
Os principais sintomas são: redução da capacidade física, fadiga precoce, alterações do sono, mialgias, especialmente na região gemelar, sensação de desconforto abdominal, inapetência, emagrecimento, impotência sexual, etc.
No exame físico, é comum encontrar-se mucosas descoradas, palidez da pele, orla azulada nas gengivas e dor à palpação abdominal.
Posteriormente, os sintomas digestivos pioram com o aparecimento de cólicas intestinais de grande intensidade, que podem simular abdômen agudo cirúrgico, notadamente quando estas cólicas são acompanhadas de obstipação, distenção intestinal e vômitos. Isto costuma ocorrer precocemente, quando há exposição a altas concentrações do metal.
Quando não controlada, a intoxicação evolui para alterações do sistema nervoso. Quando afeta os nervos periféricos ocasiona paralisia muscular evidenciada através do sinal da "queda de mão" e sendo a paralisia do nervo radial muito característica desta situação. O mesmo pode ocorrer com a inervação dos músculos palpebrais, impossibilitando a abertura completa dos olhos. Embora rara, pode ocorrer uma encefalite causada pelo metal, com cefaléia, convulsões, delírio e coma, chegando a evoluir para óbito. Resta ainda mencionar que em intoxicações antigas é freqüente observar-se hipertensão arterial associada com arteriosclerose e esclerose renal.
O controle médico é feito através de exames laboratoriais como a dosagem de chumbo no sangue ou na urina e das alterações metabólicas no mecanismo formador da hemoglobina, medida da condutividade nervosa etc.
O tratamento, em geral, permite a cura completa e sem seqüelas. Para isto basta, na maioria dos casos, o simples afastamento da exposição ou do trabalho.
EXPOSIÇÃO AOS SOLVENTES
Como se expõe o trabalhador aos solventes?
Ao utilizá-lo em seu local de trabalho.
Ao transvasá-lo de um recipiente para outro, e ao armazená-lo
Devido à sua volatilidade e ao respirar seus vapores, os solventes penetram através das vias respiratórias e podem chegar até aos tecidos e órgãos mais receptivos.
Se ocorrerem derrames ou respingos, os solventes podem entrar em contato com as mãos do trabalhador ou impregnar suas roupas e, assim, penetrar através da pele.
Com a manipulação dos solventes, do material de trabalho, a roupa, etc... produz-se gradativa contaminação. Se o trabalhador fuma ou come no local de trabalho, pode acontecer uma intocicação por engestão. Esta é menos frequente na atividade laboral.
Como se diminui este risco?
Forçando a ventilação nos locais de trabalho para evitar concentrações perigosas.
Eliminando a possibilidade de faísxas, chamas e temperaturas elevadas.
É necessário um cuidado especial quando se abre recipientes com produtos inflamáveis, poços, etc...
AÇÃO NO ORGANISMO
Como os solventes penetram no organismo?
Como já anteriormente apontado, penetram por diferentes vias:
Pela via pulmonar, durante a respiração. Esta é a via de entrada mais importante no ambiente laboral.
Pela via cutânea. A pele permite a entrada da maioria dos solventes, devido à sua lipossolubilidade.
Pela via digestiva. Ao comer ou fumar, o trabalhador pode ingerir pequenas quantidades de solventes que se encontram em suas mãos, ao trocar suas roupas ou ferramentas de trabalho.
Alguns atuam localmente sobre a pele, dando lugar a dermatose.
Que efeitos produzem?
Um dos efeitos mais gerais é o efeito narcótico, considerando que os solventes atuam sobre o sistema nervoso central.
Os solventes ou seus metabólitos podem atuar sobre diferentes orgãos, chegando a causar lesões em determinadas circunstãncias, no fígado, rins, sistema hematopoiético, etc...
A exposição prolongada pode dar origem a enfermidades, algumas já reconhecidas como profissionais; é o caso do benzolismo produzido pelo benzeno.
Que processos sofrem no organismo?
Uma parte do solvente inalado percorre o trato respiratório, chega ao sangue, e daí a diferentes órgãos e tecidos. Ao cessar a exposição, começa a eliminar-se seguindo o sentido inverso, até que seja eliminado com o ar expirado.
Outra parte sofrerá uma série de transformações, principalmente no fígado. Estas substâncias transformadas, chamadas metabólitos, são geralmente derivados hidrossolúveis do solvente, e podem eliminar-se facilmente pela bile ou pela urina. Não há uma regra geral de biotransformação dos diferentes grupos de solventes, inclusive cada um tem seu comportamento particular.
Conhecem-se alguns metabólitos: o tricloroetileno se transforma em ácido tricloroacético e tricloroetanol, que são eliminados pela urina; o benzeno em fenol; o estireno em ácido mandélico e fenil - gliocílico; o metanol em ácido fórmico, etc...
Como ocorre a absorção pulmonar/
Segue duas etapas:
A entrada do solvente desde o meio ambiente até os alvéolos pulmonares.
A tranferência desde os alvéolos pulmonares até o sangue venoso.
Na primeira fade o solvente se introduz na cavidade alveolar, mediante o ar inspirado.
Na segunda fase ocorre a difusão ao sangue. Depende de:
Das características físico-químicas do solvente, coeficiente de difusão e coeficiente de divisão entre o sangue e o ar.
Das características das membranas alvéolo capilares(superfície, espessura), do débiro cardíaco(volume sangue-pulmonar, frequência cardíaca) e da ventilação pulmonar, a qual depende do esforço físico durante a exposição. Como consequência, se absorverá mais quantidade de solvente em exercício do que em repouso.
Porque os solventes se metabolizam?
Acredita-se que a maioria das substâncias químicas sofrem trocas no organismo, e se transformam em outras, porque este trata de manter seu equilíbrio e evitar concentrações perigosas. O metabolismo provoca uma elevada redução do solvente no sangue, transformando-o em composto menos tóxicos, geralmente mais fáceis de eliminar, ainda que em consequência disto, possam os pulmões continuar absorvendo mais solventes.
DIAGNÓSTICO
Que sintomas sente o trabalhador que se intoxica?
Quando inala os vapores do solvente os sintomas são, fundamentalmente, devidos ao efeito narcótico: sono, enjoo, falta de reflexos, cansaço, debilidade, falta de concentração, instabilidade emocional, dor de cabeça, falta de coordenação, confusão, debilidade muscular.
Em uma intoxicação crônica podem aparecer alterações respiratórias, hepáticas e renais podendo surgir, inclusive, tumores cancerosos.
Se o solvente penetra através da pele, produz nesta: ressecamento, irritação, descamação, inflamação, etc...
Que medidas devem ser tomadas para controlar a contaminação por solventes?
O estudo da atmosfera que rodeia o trabalhador, para se conhecer a magnitude da contaminação.
A aplicação das técnicas gerais de controle:
Substituição de um solvente por outro menos tóxico, e cuja aplicação seja similar. O benzeno é substituído por tolueno ou xileno na maioria das operações. Em geral, para igual ou semelhante eficácia, eleger-se-á o que tenha maior pressão de vapor.
Elaboração de processos de produção controlando o emprego, manipulação ou liberação de solventes perigosos.
Separação mediante isolamento do processo, realizado para poder melhor controlar a área de trabalho e, por outro lado, evitar o aumento da zona afetada.
Ventilação.
Uma vez isolado o foco no qual se produz a evaporação do solvente, uma exaustão localizada diminui sua concentração.
Por outro, uma ventilação no ambiente de trabalho melhorará as condições ambientais do posto de trabalho.
A proteção individual.
Proteção individual
A proteção individual se efetua por:
O uso de equipamentos de proteção.
A higiene pessoal.
Os equipamentos específicos para o trabalho com solventes são os respiradores. Devem ser fabricados com material adequados ao solventes que se empregue. Os equipamentos homologados permitem uma boa escolha.
Os respiradores serão utilizados em situações externas, e não de forma habitual. Para longos períodos é necessário um respirador com ar suplementar.
As luvas também serão de material idôneo; não esqueçamos que a maioria das que se usam podem ser dissolvidas e destruídas pelo solventes, em cujo seria contraproducente seu uso.
Os equipamentos de proteção individual serão mantidos limpos, cuidados e guardados escrupulosamente.

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