sexta-feira, 1 de outubro de 2010

RESÍDUOS E LIXO
1 Conceitos


Muitas vezes os termos lixo e resíduos são usados como sinônimos, mas na realidade não são.

Lixo é todo o resto que por seu estado de subdivisão e deterioração não pode ser recolhido e classificado para dele se obter algum aproveitamento, por exemplo: o papel higiênico.

Resíduo é o que sobra de um processo natural ou de transformação, que ainda pode ser aproveitado, por exemplo: o papel

Os resíduos são a expressão visível e mais palpável dos riscos ambientais. Segundo uma definição proposta pela Organização Mundial da Saúde, um resíduo é algo que seu proprietário não mais deseja, em um dado momento e em determinado local, e que não tem um valor de mercado.



2 Classificação de resíduos

Segundo a norma NBR 10004 os resíduos são divididos em três classes:

• Resíduos Classe I- Perigosos

• Resíduos Classe II- Não inertes

• Resíduos Classe III - Inertes

Os resíduos classe I ou perigosos são os resíduos sólidos ou misturas de resíduos que em função de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, e patogenicidade, podem apresentar risco à saúde pública, provocando ou contribuindo para o aumento de mortalidade ou incidência de doenças e/ou apresentar efeitos adversos ao meio ambiente quando manuseados ou dispostos de forma inadequada. Na FURB podemos citar como exemplos: combustíveis, ácidos, bases, benzeno e sangue.

Os resíduos classe II ou não inertes são os resíduos sólidos ou misturas de resíduos que são classificados segundo as características como biodegradabilidade ou solubilidade em água. Na Universidade existe diversos exemplos, que podemos destacar: o material de limpeza (desinfetante).

Os resíduos classe III ou inertes são os resíduos que segundo a NBR 10007- Amostragem de resíduos, e a NBR 10006 – Solubilização de resíduos, não tenham nenhum dos seus constituintes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, como exemplo: as rochas, tijolos, vidros e certos plásticos e borrachas, que não são decompostos totalmente. Na FURB existe uma grande variedade de exemplos como: restos de construção, embalagens.

Exemplo de resíduos e sua classificação, encontram-se em anexo.





3 Resíduos perigosos sólidos e líquidos

Diversas expressões têm sido utilizadas para designar esses resíduos que requerem maior cuidado: resíduos tóxicos, resíduos especiais, resíduos químicos, resíduos perigosos. Esta última é a mais difundida em documentos internacionais.

Alguns resíduos perigosos são tratados separadamente pela legislação da maioria dos países e recebem denominações próprias, como os resíduos de saúde (resíduos hospitalares que incluem resíduos infectantes e farmacêuticos e os resíduos radiativos), conforme a Resolução n 05 do CONAMA. A periculosidade dos resíduos é definida por algumas propriedades físicas, químicas e infecto-contagiosas que podem ser resumidas em sete características:

• Corrosividade: atacam materiais e organismos vivos devido a suas características ácidas ou básicas intensas;

• Reatividade: reagem com outras substâncias, podendo liberar calor e energia;

• Explosividade: em razão de sua reatividade muito intensa, podem liberar grande quantidade de energia;

• Toxicidade: agem sobre os organismos vivos, causando danos a suas estruturas biomoleculares;

• Inflamabilidade: podem entrar em combustão facilmente ou até de forma espontânea;

• Patogenicidade: apresentam características biológicas infecciosas, contendo microorganismos ou suas toxinas;

• Radiatividade: emitem radiações ionizantes.

Solventes, pesticidas e suas embalagens usadas, lodos de estações de tratamento, cinzas e alguns tipos de escórias, produtos farmacêuticos, tintas, pigmentos inorgânicos, combustíveis, alcatrões, substâncias contendo chumbo, mercúrio e cianetos são alguns exemplos que se enquadram em resíduos perigosos.

Dentre as várias famílias de poluentes químicos aqueles considerados potencialmente mais nocivos são:

• Metais pesados: muitas vezes eles já estão presentes na natureza, mas em concentrações elevadas apresentam riscos à saúde. Entre os metais mais nocivos estão o mercúrio, cromo, chumbo e cádmio;

• Hidrocarbonetos aromáticos entre os quais se sobressaem o benzeno, o tolueno e o xileno;

• Compostos organo-halogenados, que estão presentes em alguns pesticidas como o DDT, PCB’s e CFC’s;

• Dioxinas e furanos, que são compostos orgânicos de cloro, constituindo duas famílias específicas que totalizam 210 compostos distintos.

Nem todos os resíduos que contém materiais perigosos estão catalogados legalmente como resíduos perigosos, obrigando seu tratamento ou sua disposição, de forma controlada. Trata-se aqui principalmente dos produtos de consumo descartados pelos consumidores finais ou por pequenas empresas que direcionam seus resíduos para o lixo urbano e que podem incluir: lâmpadas, pilhas galvânicas, restos de tintas, restos de produtos de limpeza, óleos lubrificantes usados (óleos queimados), solventes, embalagens de aerossóis, restos de amálgamas utilizados em consultórios dentários, materiais fotográficos descartados por pequenos estúdios, embalagens que contiverem produtos químicos, pesticidas e inseticidas, componentes eletrônicos descartados isoladamente ou em placas de circuitos impressos, medicamentos com prazo de validade vencidos. A grande maioria destes produtos são utilizados em residências, oficinas mecânicas, laboratórios, consultórios médicos, postos de serviços, tinturarias, escritórios, hotéis, escolas, Universidades, repartições públicas e estabelecimentos comerciais em geral. Estes produtos são, em grande parte, recuperáveis, ou contêm materiais nocivos que podem ser tecnicamente extraídos e reutilizados.

O gerenciamento de resíduos perigosos tem-se transformado, nas últimas décadas, em um dos temas ambientais mais complexos. O crescente número de materiais e substâncias identificados como perigosos tem exigido soluções mais eficazes e maiores investimentos por parte de seus geradores.

A minimização da geração de resíduos se constitui numa estratégia importante no gerenciamento de resíduos e baseia-se na adoção de técnicas que possibilitem a redução de volume e/ou toxicidade dos resíduos, e consequentemente, de sua carga poluidora.

O armazenamento, manuseio e transporte dos resíduos deve ser cauteloso e adequado, usando os equipamentos de segurança para esta finalidade. Deve-se observar os reagentes compatíveis, estes que reagem violentamente se ocorrer um contato acidental entre eles resultando numa explosão, ou até em gases altamente tóxicos ou inflamáveis .

A segregação dos resíduos dentro da organização e nos locais de tratamento ou disposição é de suma importância para o gerenciamento de resíduos e tem como objetivos básicos: evitar a mistura de resíduos incompatíveis, contribuir para a qualidade dos resíduos que possam ser recuperados ou reciclados e diminuir o volume de resíduos perigosos ou especiais a serem tratados ou dispostos.

4 O que fazer com os resíduos sólidos não perigosos?


Para minimizar os problemas causados pelos resíduos não perigosos, pode-se reduzir o consumo, reutilizar ou reciclar o produto. Estes três itens são diferentes, pois a redução consiste em diminuir a quantidade de resíduo produzido. A reutilização do resíduo, consiste em encontrar uma nova utilidade para o material que, a princípio, é considerado inútil. E reciclagem, por sua vez, consiste em dar uma nova vida ao material, transformando-o novamente em matéria-prima para, a partir dele, fabricar novos produtos.

A coleta seletiva é um passo importante para a reutilização ou reciclagem do material. É através dela que os resíduos são recolhidos e classificados para deles se obter algum aproveitamento.

O tema atual de reciclagem e reaproveitamento de materiais sucateados e rejeitos vem de encontro às necessidades da sociedade. Em qualquer atividade, a reciclagem traz benefícios diretos. Por exemplo: para as indústrias ocorre uma redução dos custos com matéria-prima e uma maior valorização ambiental de seu produto; nas cidades, a quantidade de lixo é reduzida, além de surgirem novas fontes de renda com a indústria de reciclagem. Todos ganham com a preservação da qualidade ambiental.



5 Por que vale a pena reciclar?

Vale a pena reciclar porque:

 há excesso de lixo e é preciso fazer alguma coisa para diminuir este volume excessivo que se acumula em aterros sanitários e no próprio ambiente, poluindo rios, mares, solos e o ar;

 prolonga a vida útil dos aterros;

 diminui a proliferação de doenças e a contaminação de alimentos;

 reduz a contaminação ambiental provocada por rejeitos;

 queimar o lixo significa poluir o ar;

 é uma questão de bom gosto (a reciclagem remove o lixo, transformando-o em produtos úteis novamente);

 é um processo rápido e geralmente econômico (a reciclagem, na maioria dos materiais, é mais barata que enterrar e incinerar);

 reduz o consumo de recursos naturais (os recursos naturais são finitos e precisam ser conservados e preservados);

 aumenta a vida útil das reservas naturais;

 influencia na conservação de energia, ocorrendo um baixo consumo de energia por unidade produzida;

 ocorre a economia de divisas, em substituição dos materiais importados;

 diminui os custos de produção, com o aproveitamento de recicláveis pelas indústrias;

 acaba diminuindo também o desperdício;

 gera empregos;

 cria uma oportunidade de fortalecer organizações comunitárias;

 muito outros porquês ainda podem ser mencionados...

6 O que podemos reciclar?

Fala-se muito em reciclagem, mas o que pode ou o que não se pode reciclar?

Nem todo resíduo gerado pode ser reciclado. Mas a tecnologia de reciclagem expande-se, e cada vez mais materiais e produtos podem ser reciclados. A princípio os materiais passíveis de reciclagem são: papel, vidro, metal e plástico, o que inclui os produtos fabricados a partir destes materiais. Mas tem-se também outro materiais. Algumas informações sobre materiais recicláveis estão descritos nos itens seguintes.
6.1 Alumínio

É mais barato reciclar latas de alumínio do que fabricá-las a partir de um material novo. No Brasil em 1997, foram reciclados 4,1 bilhões de latas de alumínio, ou seja 64% da produção nacional de latas foi reciclada.

O alumínio é o material reciclável mais valioso. Além de reduzir o lixo, a reciclagem do alumínio significa ganho energético. A reciclagem evita a extração da bauxita, material usado para fabricar a alumina, que posteriormente é transformado em alumínio.

Além da lata de alumínio, outros materiais de alumínio podem ser reciclados como papel, prato e bandeja de alumínio, molduras de janela, portas e equipamentos de jardinagem. O alumínio não é imantado e com a ajuda de um ímã pode-se verificar a constituição do material do lixo, para separar as impurezas.

É fácil de fundir e reaproveitar as latas (usadas para cerveja e refrigerante). Reciclando-as pode-se poupar uma quantidade inacreditável de recursos. Se fosse reciclado apenas um décimo das latas que são jogados fora, poupar-se-ia muito dinheiro.
6.2 Aço inoxidável, estanho, cobre e latão

A reciclagem das latas de aço e estanho pode poupar 74 % da energia usada para produzí-las a partir de matérias-primas. Pelo menos 80 % do estanho de uma lata são salvos quando a lata é reciclada. Isto reduz o desperdício na mineração, preservando um recurso valioso1.

O aço inoxidável contém em torno de 10 % de cromo, por isso não pode ser reciclado junto com o aço normal.

O cobre é uma sucata apreciada e encontrada em encanamentos, fiações telefônicas e elétricas e radiadores de carro.

O latão também é muito apreciado. O latão pode ser encontrado em acessórios e canos hidráulicos, ferramentas para lareira e churrasqueira, parafusos, maçanetas e dobradiças.
6.3 Vidro

Para se decompor na natureza, o vidro leva milhares de anos. Sendo 100% reciclável, o vidro não produz resíduos na hora da reciclagem e economiza 30% de energia elétrica.

O vidro nunca acaba, pode ser reciclado indefinidamente.

As garrafas de vidro descartadas são quebradas e passam por um dispositivo que retira os anéis de metal das garrafas. Um processo a vácuo retira os revestimentos plásticos e os rótulos de papel. A grande vantagem de usar caco de vidro na composição a ser fundida é a redução no custo final do produto.

Para cada tonelada de vidro reciclado, poupa-se em média, mais de uma tonelada de recursos (603 quilos de areia, 196 quilos de carbono de sódio, 196 quilos de calcário e 68 quilos de feldspato). Além disso, uma tonelada de vidro novo produzido gera 12,6 quilos de poluição atmosférica, sendo que o vidro reciclado reduz em 15-20 % essa poluição.

6.4 Papel

O papel é um material que pode ser reciclado várias vezes, dependendo do tamanho de suas fibras. O processo de reciclagem pode ser industrial ou artesanal. Os tipos de papéis devem ser separados, pois embora o processo de reciclagem seja basicamente o mesmo, alguns tipos precisam de um tratamento especial, como é o caso do papel brilhante.

O papel brilhante é de difícil reciclagem, pois leva uma camada de argila, que se transforma em lodo durante o processo de solubilização.

Para ser reciclado o papel é picado (por isso não é aconselhável amassá-lo), os pedaços são misturados com água morna, aquecidos e triturados até virar uma pasta. Depois de utilizada uma quantidade de alvejante para clareá-lo, o papel é prensado e deixado secar.

A reciclagem de jornais não apenas poupa recursos naturais e espaço em aterros, como ajuda a mudar o funcionamento da indústria de papel.

O papel branco vale duas vezes mais que o papel colorido. A não utilização de papel colorido reduz o trabalho de separação e torna o lixo mais valioso.

O papel de escritório já foi clareado e não possui muita tinta para ser removida, assim a quantidade de alvejante é mínima, reduzindo também as dioxinas (composto químico que pode apresentar quase 2000 espécies sendo que alguns são cancerígenos), liberadas na água. Deve-se ressaltar que os adesivos não são aceitos na reciclagem. Lembrando que os adesivos não são reciclados e são considerados como lixo.

A fabricação de papel reciclado poupa 33% de energia. Reciclando o papel, economiza-se energia, matéria-prima e a água para a impressão, além de reduzir também o volume do lixo urbano.

6.5 Papelão

As caixas de papelão corrugado (feito com papel marrom, colocando-se uma camada de papel pregueado entre duas folhas lisas) são muito valorizadas. As fibras de papel são compridas, resistentes e podem ser recicladas diversas vezes.

A maioria das caixas de papelão corrugado contém 20 % de material reciclado.

A fabricação da celulose usada no papelão gera dióxido de enxofre, um gás que provoca a chuva ácida. A reciclagem reduz pela metade a poluição.

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o papelão molhado pode ser reciclado. E os sacos de papel marrom podem ser reciclados junto com o papelão.

6.6 Plástico

Os plásticos levam aproximadamente 450 anos para se decompor e quando queimados produzem gases tóxicos.

O plástico é feito através de uma mistura básica chamada resina, derivada do petróleo ou gás natural. Os fabricantes de plástico compram a resina e fundem-a novamente acrescentando substâncias químicas à mistura. O líquido quente é moldado sob pressão e endurecido, virando um recipiente de plástico.

Para reciclar, o plástico é quebrado em pequenos pedaços, limpos com aspirador de pó, lavados e secos, ficando prontos para o reprocessamento. Normalmente o plástico reciclado é transformado em coisas que não tem que ser esterilizadas. Não é aconselhável o uso de plástico reciclado quando há contacto direto com alimentos ou remédios.

Existem diversos tipos de plástico. O PET (tereftalato de polietileno, uma forma de poliéster), por exemplo, é muito usado em refrigerantes.

Os recipientes de óleo lubrificante e garrafas de água sanitária são feitos com plástico de polietileno de alta densidade (HPDE). São plásticos resistentes e leves, normalmente coloridos, e 62 % de todas as garrafas de plástico são feitas deste material (CEMPRE, 1998).

O plástico HPDE reciclado pode ser transformado em objetos como vasos de plantas, latas de lixo e outros objetos desta natureza.

O plástico polietileno de baixa densidade (LPDE) é uma substância fina responsável por 40% do lixo plástico que fica nos aterros por vários séculos. Quanto mais LPDE reciclarmos, menos teremos que produzir. Isso significa menos produção de petróleo e gás natural, menos substâncias químicas como o benzeno (CEMPRE, 1998).

Os sacos plásticos são reciclados em um ciclo fechado, ou seja, os sacos reciclados transformam-se em outros sacos plásticos.

O polipropileno é o plástico mais leve entre os principais plásticos e mais da metade é usada em embalagens. Sua reciclagem diminui a quantidade de polipropileno novo produzido. Quando incinerado, torna-se um material tóxico, que aumenta as incidências de câncer de pulmão e nariz.

6.7 Isopor

A espuma de poliestireno é totalmente não-biodegradável, ou seja, não se dissolve. Para reciclar o isopor, ele é jogado em um tanque de água e empurrado contra uma tela que o quebra em pedaços. Esses pedaços são lavados, secados e transformados em bolinhas, estas serão transformadas em uma nova espuma.

7 Lixo orgânico

Os restos de alimentação, assim como palha e resíduos do corte da grama podem ser reaproveitados através da compostagem. Os restos de alimentação misturados com palhas e restos de gramado, são dispostos em um buraco no solo, ou numa tela de arame, sobre o solo. Esta mistura deve ser remexida até que se transforme em adubo orgânico. Este processo de compostagem demora aproximadamente 4 meses (CEMPRE, 1997).

A compostagem nada mais é que um processo de transformação onde o lixo orgânico se transforma em adubo orgânico, biologicamente. O processo de decomposição dos materiais por microorganismos deve ser feito em condições adequadas de aeração, umidade e temperatura.

Nenhum comentário:

Postar um comentário